Minha experiência como voluntário na SPSAS
Eventos acadêmicos e de difusão de conhecimento sempre me interessaram bastante. Aprender algo diferente, ouvir as experiências de quem está trabalhando com alguma nova tecnologia, conhecer mais sobre as tendências do mercado ou da academia.
Durante meu bacharelado participei de diversos eventos organizados na faculdade. Esse meu gosto por eventos e palestras me levou a participar por alguns anos do diretório acadêmico do meu curso, onde atuei como Diretor de Eventos Acadêmicos.
Mas isso já tem um bom tempo. Durante o mestrado decidi me focar mais em meu projeto e nas matérias do curso e me distanciei dessas atividades. Felizmente, pude ter um gostinho, mais uma vez, de como é participar da organização de um evento quando fui selecionado como voluntário para a organização da São Paulo School of Advanced Science on Learning from Data.
A SPSAS foi um evento organizado pelo IME, com apoio da FAPESP, e aconteceu durante os dias 29 de Julho a 9 de Agosto de 2019. O tema, conforme o próprio título indica, foi Data Science e todas as diversas áreas relacionadas a ele. Desde aprendizado de máquina e deep learning à bancos de dados e computação de alta performance. Foram diversas palestras e cursos, abordando não apenas questões teóricas das áreas como também práticas, como o impacto dos dados na genômica e na astronomia.

Como pode ver na foto acima, o evento contou com a presença de nomes internacionais de peso: Abu-Mostafa, Ling Liu, Atlas Wang, Alberto Paccanaro e Raymond T Ng, apenas para citar alguns. Isso sem falar dos grandes nomes de pesquisadores brasileiros, de diversos estados, como Francisco Brasileiro, Cláudia Bauzer Medeiros, Pedro Leite da Silva Dias, dentre outros. Sou muito grato pela USP por ter sido selecionado para participar de um evento de tão alto nível.
Pretendo futuramente escrever sobre o que aprendi ao longo dessas duas semanas cheias de conteúdo. Mas esse não é o foco dessa postagem. Por ora, vou falar um pouco sobre a minha experiência como voluntário na organização desse evento.
Antes de mais nada, queiro deixar claro que grande parte da organização já havia sido conduzida por diversos professores e funcionários do instituto. A lista completa dos organizadores do evento está aqui, mas não posso deixar de mencionar o grande trabalho dos professores Jef, Luciano Araújo e Fátima Nunes ao longo do evento. Também gostaria de agradecer imensamente ao meu orientador e Diretor do IME, professor Junior Barrera, por ter me comunicado sobre a SPSAS e me incentivado a participar.
Os alunos voluntários que participaram da organização do evento, por sua vez, atuaram pontualmente em algumas frentes. Alguns ficaram responsáveis por ajudar com questões financeiras, como o reembolso dos fellows, outros ajudaram com a condução e transporte dos palestrantes e participantes estrangeiros. Já eu, me candidatei para a organização das One Minute Lightning Talks.
Primeiramente, Lightning Talk é um ótimo eufemismo. Lá fora eles chamam de Poster Blitz ou Poster Madness. E de fato a organização dessa parte do evento foi uma loucura. Mas no bom sentido, já que, felizmente, eu não estava sozinho e tive a ajuda de um grupo incrível. Sem o trabalho duro dos colegas Hamed e Décio Soares, com certeza não teríamos alcançado o sucesso que obtivemos. Deixo aqui meus sinceros agradecimentos aos dois por todo o esforço, apreço e comprometimento, ambos são pessoas excepcionais, sem dúvidas.
Inclusive, não poderia deixar de mencionar: fiquem de olho no projeto do Hamed, Leitnerapp, para aprendizado de idiomas! A proposta é muito interessante, vale a pena conhecer mais sobre no site dele e entrar em contato com ele caso se interesse.

Para a organização das Lightning Talks tivemos de cobrir diferentes áreas. Inicialmente, passamos algum tempo nos planejando e pesquisando como são realizadas essas apresentações acadêmicas de um minuto e como poderíamos conduzir a nossa.
Depois, partindo para a parte prática, decidimos trabalhar com um site dedicado para submissão dos arquivos dos participantes; preparamos um material de apoio para que eles entendessem a proposta; até mesmo fizemos uma breve palestra do que esperávamos nas apresentações dos participantes. Sem dúvidas isso rende material para um post só com o que aprendi nesse processo. Mas não é sobre isso que quero falar por aqui ainda.

Foram mais de 600 inscrições, das quais cerca de 150 foram selecionados para participar do evento. Metade dos participantes eram brasileiros (de diversos estados) e a outra metade era composta por pessoas de vários lugares ao redor do mundo, somando um total de 19 países diferentes. Portanto, não poderíamos deixar de mostrar pra esse pessoal todo que veio de fora as atrações de São Paulo.
Antonio de Carvalho “DJ”, juntamente com a Suzana Santos, duas pessoas fantásticas, muito engajadas e ativas na comunidade do IME, foram os principais responsáveis pela organização dos passeios culturais no final de semana dos dias 10 e 11. E é claro que eles também contaram com um uma ótima equipe: José Valdenir (Zé), Erika Guetti, Diogo Pell e Gustavo Estrela.
No Sábado eles levaram os participantes para o Giro Cultural da USP, um passeio guiado pelos museus da USP e em seguida foram visitar o parque Ibirapuera. No domingo o plano era levar a galera pra conhecer a Avenida Paulista. Decidi me juntar a eles no domingo e me dispus a acompanhar os estrangeiros, que estavam hospedados em um dos hotéis perto da USP, até a Paulista (o sistema de trem e metrô de SP pode ser meio confuso pro pessoal de fora) e passar a tarde com eles. Mesmo com o frio terrível (10ºC), valeu muito a pena.
O grupo, apesar de pequeno, era diverso e muito divertido. Tínhamos gente de Belo Horizonte e de São Carlos, mas também tínhamos visitantes do Peru, Bangladesh, França, Irã e Índia. As conversas e interações que tivemos, passando pelo mirante do SESC, Casa das Rosas e comendo um famoso pastel, foram suficientes pra aquecer o meu coração naquele dia tão frio. Já disse que estava frio? Eu fiquei gripado.

No final do passeio nos dividimos. Houve aqueles preferiram um bar; aqueles que optaram por ir jantar; outros quiseram voltar para suas casa; e, por fim, tivemos também o grupo dos nerds, que preferiram emendar mais um museu mesmo depois de passar a tarde inteira andando na Paulista. Sim, conforme a foto acima, eu fui o nerd que sugeriu ir pro museu tarde da noite. E como pode ver, estava muito bem acompanhado: Luis Soncco, Yohann Chasseray, Khalid Mahmood e Josimar Chire! Fomos para o FILE, no SESI, exposição que conecta arte e tecnologia de formas muito interessantes e interativas.

Além das Lightning Talks e de passear com o pessoal na Paulista, também me encarreguei de escanear o QR code dos participantes durante a início de cada palestra, com a ajuda da Erika e do Zé (dois fofos e engraçados demais, vale ressaltar). Foi nessas e outras que pude trocar umas palavras com alguns participantes, estrangeiros e brasileiros.
Nisso eu conheci o Renan Vinicius. Foi meu veterano na EACH, mas não cheguei a conhecê-lo durante os quatro anos que estive por lá. Foi uma feliz coincidência encontrá-lo por aqui. Gente finíssima, sempre bem humorado e prestativo, estava encarregado de ajudar o evento tirando fotos profissionais. Olha só.

Falando em fotos, minha surpresa foi grande quando Udbhav “Yudi” Singhal decidiu tirar a seguinte foto comigo.

Estávamos conversando sobre as diferenças na culinária indiana e brasileira quando ele mencionou que os doces da Índia eram muito doces, doces demais para a maioria das pessoas. Comentei que me daria bem na Índia então, já que adoro coisas doces demais (e de comida picante). No dia seguinte, ele me traz um pacote de bolachas que trouxe da Índia, dizendo que já tinha oferecido para diversas pessoas e nenhuma realmente acabava gostando, justamente por acharem doces demais.
Chegando em casa experimentei as ditas bolachas e as achei sensacionais. Precisava retribuir esse gesto simples que me marcou pela espontaneidade. Então, levei no dia seguinte um outro doce para ele, tipicamente brasileiro: brigadeiros. Não preciso dizer que ele ficou muito feliz com a surpresa, fez questão de pedir uma foto para o Renan. Retribuo aqui também suas palavras de gratidão: 🙏 namastê!

Na segunda semana de evento tivemos um jantar chique em uma churrascaria, com um desconto especial dado pela escola. Todos se divertiram bastante, até mesmo o Yudi, que é vegetariano!

William Suzuki foi outra pessoa incrível que tive o prazer de conhecer durante o evento. Extrovertido e animado, estava sempre trazendo mais pessoas para as conversas e dando atenção a todos, para que ninguém se sentisse de fora. Sempre muito educado e divertido, pude conversar com ele em algumas oportunidades durante os coffee breaks.
Para voltar para casa acabei dividindo um Uber com o Diego Andrés, já que, por sorte, descobrimos que moramos relativamente perto. Fomos conversando ao longo do caminho, Diego é uma ótima pessoa também. Infelizmente, não pude conversar muito com o Martin Palazzo ou o Alejandro de Jongh, mas ambos pareciam boas pessoas, com um histórico de pesquisa muito interessante.

Já essa foto foi tirada no último dia do evento. Aqui estou acompanhado também do Rafael Testa, mais um veterano meu da faculdade que não cheguei a conhecer na época em que estava na EACH, e Muhammad Ayaz, um professor da Arábia Saudita que adorou os passeios culturais para o Ibirapuera e a Paulista.
E falando em passeio culturais, ao fim do evento o grupo que ajudou a organizar essas atividades (também conhecido como grupo dos DigiEscolhidos ou então Fantinha [uma piada interna longa]) decidiu se reunir mais uma vez, agora para comemorar o sucesso das atividades! Com direito a muita pizza vegana, risadas e causos absurdos, mas reais (afirmam especialistas).

Bem, se você leu até aqui, já se tocou que o ponto dessa postagem não é falar sobre as palestras e workshops de alta qualidade que tiveram do SPSAS; não é sobre o processo árduo de se organizar uma Lightning Talk; não contém qualquer tipo de guia ou informação técnica relevante. O ponto principal dessa postagem, caso não tenha ficado claro ainda, são as pessoas.
Ao longo dessas duas semanas pude conhecer gente de diversos cantos do brasil e do mundo. Gostaria de ter tido mais tempo para interagir mais com elas, e minha natureza tímida também não me ajuda muito. Mas, de todo modo, tive a oportunidade de conhecer pessoas sensacionais, com um histórico louváveis e que estão por aí fazendo coisas incríveis.
Participar e ajudar a organizar o SPSAS trouxe essa oportunidade única para mim. Pude sentir na prática que esse tipo de evento é importante não apenas do ponto de vista teórico e acadêmico, mas também é primordial para conectar pessoas. Durante meus anos organizando eventos, no bacharelado, eu já tinha essa noção. Mas agora percebi que no fundo não passava de uma vaga ideia, um conceito.
Gostaria de ter percebido isso antes. Ou então, gostaria que alguém tivesse me dado esse toque antes, mas através de um relato vívido, algo que me inspirasse a participar e até mesmo a ajudar na organização desse tipo de evento. Faço esse texto, então, para o meu eu do passado e para todas as pessoas que se encontram em um lugar parecido com o que eu estava. “Networking” não é uma palavra que pode descrever tudo isso. Você precisa estar lá.
Então essa foi a minha experiência e essa é o meu toque. Vá para eventos que te interessem (há diversos gratuitos hoje em dia), absorva as informações, faça anotações e perguntas. Mas, tão importante quanto adquirir qualquer conhecimento técnico, não se esqueça de aproveitar também as conexões que pode fazer com as pessoas incríveis que estão a sua volta.
Última modificação em 16 de Agosto, 2019.